Como morremos, reflexões sobre o capítulo final da vida - Português
Sherwin-B.-NulandSherwin B. Nuland conta inúmeros casos representativos, detalhando sintomas, diagnóstico, tratamento e morte. Entre as questões abordadas, algumas merecem destaque. O autor observa que a morte moderna, ao contrário do que ocorria até 1920, acontece em hospitais modernos, onde ela pode ser oculta, limpa de sua inconveniente sujeira orgânica e, finalmente, empacotada para um sepultamento moderno. "Em outras épocas, a hora da morte era vista como um momento de santidade espiritual, de uma última comunhão com aqueles que ficavam para trás, aumentando a esperança na existência de Deus e de uma vida após a morte", diz ele.
Nuland escreve também sobre a indústria da cura, que faz uso de tratamento e medicamentos desnecessários. Nas UTIs, por exemplo, "abandonamos os doentes às boas intenções de um pessoal altamente especializado que mal os conhece". Nuland admite que, como muitos colegas, mais de uma vez violou a lei para facilitar a partida de um paciente, "pois minha promessa, dita ou implícita, não poderia ser mantida a menos que eu assim o fizesse". Para Sherwin B. Nuland, a dignidade que buscamos na morte deve ser encontrada na dignidade com que vivemos nossas vidas. "Ars moriendi é ars vivendi: a arte de morrer é a arte de viver. Quem viveu com dignidade, morre com dignidade. Ou como os rabinos costumam terminar o culto fúnebre: "Que sua lembrança sirva de bênção".